em maio passado
25 de Maio de 2005
quando acordei de manhã tinha sonhado com um gato e com o médico do dente comprido. tropecei
tropecei, sacudi o pêlo, revesti a pele de mil lubrificantes, reverti o zelo, parei junto do relógio da cozinha, encolhi-me, abri a porta que range do frigorífico, percorri com os olhos as estantes abundantes de cor, escolhi o iogurte verde, peguei numa maça vermelha, vesti-me de negro, pintalgada de flores.
perdi uma das flores dos sapatos novos, almocei,
já dormi, já acordei, já corri, já subi escadarias, já enterneci, já cumprimentei, já me ri.
26 de Maio
amanhece em alegres chilreios, o sol raia forte e atravessa as portadas, desenha sombras voluptuosas e inaugura enredos, os olhos afeiçoam-se devagar à luz e rejeitam o escuro que deixam de reconhecer.
como um clique, como um clique virá a gravidez, virá a solidão de um dia doente, virá um sopro ardente e serei um coração mecânico.
a praia encheu-se de carnes que aguardam a maturação, derretem-se as últimas banhas, ganham-se as últimas corridas, enverga-se o último grito e pende-se acessório. este ano tudo é acessório, não ouviram dizer? Aproximamo-nos rapidamente do verão, atravessamos o ano com um apanágio débil, circulamos sem fardo, mas fardo.
1 Comentários:
querida usurária, assim também vale. aliás, assim é um desafio maior. vou pensar no maio passado, enquanto me sento à mesa do pequeno-almoço, inalando os vapores dos cafés alheios.
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